Buscamos refletir sobre as contribuições da psicologia política à realidade brasileira, desde o referencial teórico-metodológico marxiano e marxista. Tomamos por justificativa a conjuntura de crise estrutural do capitalismo, o avanço neoliberal e seus desdobramentos econômicos, sociais, políticos e ideológicos, bem como suas expressões na/pela psicologia política. Analisamos como a estrutura de produção-distribuição da riqueza social, na garantia da propriedade privada dos meios de produção, e a função primordial do Estado, estabelecem um limite concreto para a realização de valores e direitos humanos. O marxismo nos municia não só para a crítica da psicologia política, mas para uma sua utilização crítica, tendo como finalidade sua própria superação. Consideramos, assim, que a psicologia política pode ser importante se e desde que (auto)crítica e enquanto demarcação das limitações da psicologia hegemônica, buscando tensionar a psicologia e transformá-la, e contribuir para a superação dos próprios marcos da democracia burguesa.
Farias, T., Costa, P., & Vieira, A. (2022). É possível (e desejável) democratizar a barbárie? Contribuições marxistas à Psicologia política. Revista De Estudos De Políticas Públicas, 8(2), 127–146. https://doi.org/10.5354/0719-6296.2022.68082