No presente artigo são expostos alguns dos antecedentes centrais do projeto de pesquisa «Poder, participação, cidadania e gênero: significado da liderança feminina a partir de construções masculinas». Utilizando um enfoque qualitativo, foram feitas entrevistas abertas com o objetivo de compreender o significado que os homens atribuem à liderança feminina. Os discursos foram analisados com base na Teoria Fundamentada de Strauss/Corbin (2003). Os resultados mostram que, em termos gerais, os homens concordam no que diz respeito às mudanças ocorridas nos papéis de gênero, de que as mulheres têm e devem ter mais oportunidades, de que existe uma maior incorporação delas no mercado de trabalho e sobre a necessidade de relações mais eqüitativas dentro da família. Do mesmo modo, emergem tensões que configuram o mal-estar da masculinidade transcendendo a esfera íntima e questionando as relações inter-gênero atuais. Existem também discursos mais progressistas dos homens, que se aventuram a um reconhecimento das capacidades e dos papéis que as mulheres estão assumindo no espaço público, ainda que se trate de um reconhecimento vigilante, ambivalente, mediado por uma percepção de confiança/desconfiança, eficiência/incompetência em relação ao que elas são capazes de conseguir.